Na semana que passou, muitos canais de comunicação
especializados em psiquiatria e doenças mentais falaram o Transtorno Afetivo
Bipolar. Uma doença antiga, incurável, perigosa e cada vez mais diagnosticada
nos consultórios psiquiátricos no mundo tudo. A ponto de alguns a chamarem de
“a doença da moda”.
Apesar da glamorização da doença, uma coisa é certa: ser portador do Transtorno Bipolar não é elegante. Que o digam as famílias que tem um bipolar em casa.
Muitas das considerações que encontramos hoje em dia na mídia aparecem baseadas em estatísticas. E as estatísticas são marcantes: é a principal causa de suicídios entre todas as patologias da mente. De 30% a 50% dos seus portadores já tentaram ou ainda vão tentar tirar a própria vida.
Caracterizada pela alternância entre depressão e mania
(euforia), a doença atinge 2,2% da população, ou 4,2 milhões de brasileiros
segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria. A doença é tão delicada que tem
uma associação própria, a ABTB (Associação Brasileira de Transtorno Bipolar). E
a entidade alerta: 20% dos brasileiros que atentam contra a própria vida
atingem seu objetivo.
O Transtorno Bipolar está associado a alterações funcionais
do cérebro, que possui áreas fundamentais para o processamento de emoções,
motivação e recompensas. Outro componente envolvido é a produção de serotonina
no tronco-cerebral, uma substância imprescindível para o funcionamento
harmonioso do cérebro.
Até a década de 1980, o transtorno bipolar era conhecido por psicose maníaco-depressiva, doença psiquiátrica caracterizada por alternância de períodos de depressão e de hiperexcitabilidade ou mania. A mudança na nomenclatura foi uma forma encontrada pelos especialistas da época para diminuir o estigma em torno da patologia, uma vez que, quando o paciente recebe o tratamento adequado, o prognóstico é bastante positivo para os portadores do Transtorno Bipolar.
As mais antigas descrições do Transtorno Bipolar datam de mais
de 2,5 mil antes de Cristo. Descrições de médicos do início da era cristã são idênticas
às que encontramos hoje nos melhores livros de psiquiatria. Apesar de antiga,
estatísticas apontam para um aumento de casos em todo mundo.
Isso porque fatores externos interferem. E – é fato – a
humanidade nunca esteve tão estressada como nos dias de hoje. Dormimos menos, consumimos
mais substâncias – como remédios para emagrecer, bebida alcoólica ou cafeína –
do que no passado.
É possível viver em uma redoma, protegido dos agentes
estressores do mundo? Obviamente não. Mas a informação é a base de todo o
conhecimento e, em psiquiatria, ela pode ser a diferença entre adoecer e ver a
doença avançar ou identificar a situação e procurar tratamento. Se todo mundo
tiver consciência do quão delicado é o nosso sistema nervoso e do respeito com
que ele precisa ser tratado, certamente a incidência do Transtorno Bipolar – e
de uma série de outras patologias mentais – seria menor.
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